segunda-feira, 31 de maio de 2010

Vale do Jequitinhonha: manifestações de fé


No Vale do Jequitinhonha os meses de junho e julho concentram as tradicionais manifestações em homenagem a Nossa Senhora do Rosário. Confira abaixo parte da programação para esse importante evento do calendário religioso regional.

MINAS NOVAS:
Festa do Rosário – de 23 a 25 de junho
A tradicional e secular Festa de Nossa Senhora do Rosário é realizada desde 1810, organizada pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Minas Novas. No evento há leilões, barraquinhas, reinado com o cortejo dos reis, a tradicional busca da santa na margem do Rio Fanado, mastro e chá nas casas dos festeiros. O cortejo reúne grupos folclóricos do município, como tambozeiros e congadeiros.

NOVO CRUZEIRO:
Quadrilha – dia 26 de Junho
Tradicional quadrilha do município de Novo Cruzeiro com a participação de sanfoneiros da região, fogueira, barraquinhas com comida típica, pau de sebo e muito forró.

FRANCISCO BADARÓ:
Festa do Rosário – de 09 a 25 de julho
O evento traz várias manifestações, como a festa do mastro, o cortejo, a missa da festa, a descida do reinado, chás dos festeiros, apresentação de danças típicas, shows culturais em Praça pública sob a responsabilidade do Setor Municipal de Cultura. A ocasião promove a interação da população, dos badaroenses ausentes e visitantes. Há também a novena, na qual Nossa Senhora é homenageada pelos fiéis.

Foto: cortejo durante a festa de Nossa Senhora do Rosário em Minas Novas (autora: Isabela Grossi).

Veredinha - oratório tem importância cultural reconhecida



Em Veredinha - MG, um importante bem móvel recebeu recentemente o merecido tombamento: o oratório de Santo Antônio dos Presos. Localizado em Gameleiras – comunidade rural do município – o bem fica sob a proteção fiel de uma família que o mantém há várias gerações.
Segundo o atual responsável pelo oratório, Senhor Etelvino Moreira dos Santos, o bem foi construído a pedido do Sr. Albino Sampaio, bisavô do seu avô. Desde então o oratório foi passado de geração em geração, de casa em casa.
Quando Sr. Etelvino era criança, o oratório ficava na casa do avô, José Inês, que morava no povoado de Boiada, também na área rural de Veredinha. O bem ficou sob a guarda do Sr. José Inês até sua morte, em 1968. A partir de então o oratório passou para os cuidados do Sr. Antônio Alves de Azevedo, no povoado vizinho de Gameleira. O bem ficou sob a guarda de Sr. Antônio até a sua morte, em 1997. Com isso, o oratório de Santo Antônio dos Presos foi passado para Sr. Etelvino – filho de Sr. Antônio e que atualmente guarda o bem.
A tradição de história oral acerca do bem envolve o sincretismo religioso, através da devoção cristã e afro-descendente. Segundo contam os moradores da comunidade de Gameleira, há muitos anos, durante a escravidão, dois cativos eram conduzidos presos, quando passaram por uma fazenda em que ficava um oratório. Um dos escravos carregava uma imagem de Santo Antônio no bolso e, assim que viu o oratório, prometeu ao santo que se conseguisse sair daquela situação levaria aquela imagem para ele. Logo depois as amarras do escravo se soltaram e ele conseguiu fugir. O escravo cumpriu a promessa e até hoje a dita imagem de Santo Antônio se encontra no interior do bem. Por esta história a imagem ficou conhecida como Santo Antônio dos Presos.
O bem é utilizado até os dias atuais como instrumento devocional. A família de Sr. Etelvino sempre recebe fiéis, principalmente das comunidades rurais da região, que vão até lá para rezarem em frente ao oratório. Muitos têm o costume de deixar algum bilhete com pedidos para os santos de devoção ou fotografia de ente da família. Outro costume das pessoas é de deixar algumas moedas como sinal de agradecimento aos santos e aos proprietários do oratório, que as juntam e depois utilizam a quantia para doar aos necessitados ou para manutenção do bem.
Os proprietários sempre mantem adornos em volta do oratório, como toalhas bordadas sob vasos com flores, num sinal de reverência e devoção. Em algumas épocas do ano, como em dias de comemorações de santos padroeiros e em datas específicas do calendário católico (como Quaresma, Natal e Páscoa), há rezas e novenas na sala da casa destinada ao oratório, onde se reúne um grupo maior de pessoas.
Especialmente na época da Folia de Reis o grupo de folia da comunidade passa em várias casas, inclusive a casa onde se encontra o oratório, cantando músicas próprias do festejo ao som de caixas e violas. Os proprietários recebem o grupo com comes e bebes e os foliões colocam fitas coloridas e demais objetos de devoção nas imagens e no oratório. Cada fita tem um significado, conforme sua cor.

Texto extraído do dossiê de tombamento do oratório de Santo Antônio dos Presos (técnicos: Isabela Grossi – arquiteta; Clarissa Fazito – historiadora. Coordenação: Lyndon Célio Vieira de Aguiar – Borum Ecoturismo e Projetos Culturais).
Foto: Sr. Etelvino e Sra. Joaquina em frente ao oratório, situado em uma sala da residência do casal em Veredinha (autora: Isabela Grossi).

Nova Era: exposição de fotos “70 anos da Ponte Benedito Valadares”


Em razão dos 70 anos de sua construção, a Ponte Benedito Valadares, tombada pelo município de Nova Era como patrimônio cultural, tornou-se temporariamente área de exposição de fotos antigas durante o sábado do dia 13 deste mês. A exposição retrata o período de construção e inauguração da ponte no ano de 1940.
Sua inauguração trouxe à cidade o Presidente da República Getúlio Vargas e o Governador do Estado Benedito Valadares. A cidade, que então se chamava “Presidente Vargas” recebeu as autoridades com várias festividades. Foram 15 dias de festejos na chamada “Quinzena Cívica”. No período a ponte Benedito Valadares tornou-se a principal via de comunicação do município, ligando-o às cidades circunvizinhas e ao país.
Hoje a ponte é, sem dúvida, umas das principais referências da cidade de Nova Era, destacando-se no cenário urbano.
A exposição fotográfica que comemorou os 70 anos do bem teve ótima repercussão entre a população, recebendo um grande número de cidadãos. Entre eles, alunos da rede pública de educação e nova-erenses mais velhos, que tiveram a oportunidade de relembrar o período e até se reconhecerem em algumas fotos.
O evento foi uma efetiva ação de resgate e valorização da memória local, propiciando um momento de interação e descontração entre as diferentes gerações.

Fonte do histórico: Atlas Escolar de Nova Era, Agenda 21 e Jornal Folha de Minas (maio de 1940).
Foto: exposição de fotos antigas da ponte durante o sábado, dia 13 de maio de 2010 (autor: Albany Dias).

II Expedição da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Ipanema



Para a comemoração da Semana do Meio Ambiente o Instituto Interagir Projetos e Pesquisas realizará a palestra “Caracterização Ambiental da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Ipanema”. O Instituto, sediado em Ipatinga, desenvolve projetos e pesquisas nas áreas de meio ambiente, social, cultural e educação. Hoje conta um grupo de profissionais multidisciplinares, que trabalham com projetos na Região Metropolitana do Vale do Aço. Na ocasião da palestra também será feito o lançamento da II Expedição da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Ipanema.
A primeira edição da Expedição pela Bacia do Ribeirão Ipanema foi realizada em novembro de 2009, obtendo ótima repercussão nas áreas de pesquisa ambiental do município e da região.
Como resultado desta primeira expedição foi produzido um diagnóstico da área de estudo através da aplicação de questionários em sete sub-bacias obtendo dados socioeconômicos, ambientais e de saúde. Esses dados foram abordados pela equipe do Instituto Interagir em parceria com universitários e professores da FAMEVAÇO - Faculdade de Medicina do Vale do Aço e universitários da Unileste-MG.
O lançamento da 2ª. edição da Expedição pela Bacia do Ribeirão Ipanema e a palestra ocorrerão dia 2 de junho, às 18:30 horas, no Plenário da Câmara Municipal de Ipatinga. Para maiores informações: 31.8606-1419.

Foto: grupo de congado do Ipaneminha, área rural de Ipatinga durante a I Expedição da Bacia do Ribeirão Ipanema (acervo do Instituto Interagir).