segunda-feira, 5 de abril de 2010

Carbonita - Sede da Fazenda Gangorras é tombada



A Prefeitura Municipal de Carbonita, através do Conselho de Patrimônio Cultural, promoveu o tombamento da Sede da Fazenda Gangorras. Em razão de seu reconhecido valor arquitetônico, sócio-cultural e histórico, a construção foi merecedora de proteção através do tombamento em nível municipal, garantindo assim sua preservação física.

Mais conhecida como “Sobrado de Eva Duarte”, a sede da Fazenda Gangorras localiza-se na comunidade de Gangorras, área rural do município de Carbonita, Minas Gerais. A construção constitui-se de importante bem cultural material representativo do período econômico e de formação do território que hoje corresponde à Carbonita, município da região do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais.

Erguida no século XIX, a sede possui características arquitetônicas peculiares do período, demonstrando através de seus elementos, arranjo e materiais a adaptação às especificidades regionais de clima, solo, relevo e demais aspectos naturais. À estas especificidades agregam-se também as condições sócio-econômicas da época e a cultura que se formava na região.

O proprietário mais antigo de que se tem conhecimento foi Sr. Leonardo da Barra – ou “Seu Costa” – como era mais conhecido. De acordo com fontes orais, Seu Costa era proprietário de uma vasta área de terras naquela região (que até então pertencia à Minas Novas). Leonardo residia na Fazenda da Barra – da qual os domínios iam até as proximidades do município de Itamarandiba. Ele vivia com sua família da produção agrícola e pecuária que a fazenda lhe proporcionava. Entre os filhos, Seu Costa teve Maria Antônia das Mercês, conhecida como “Dona Mariquinha” ou “Sá Mariquinha” e que posteriormente se tornaria a herdeira de parte das terras da família. Ela e o marido - . Severiano Ribeiro Moraes – residiram por muitos anos na Fazenda Gangorras, onde criaram os cinco filhos e viviam da produção agropecuária que as terras lhes proporcionavam.

Dentre as principais atividades estava a criação de suínos para a venda de toicinho em Diamantina, para onde levava a mercadoria em tropas de animais (mulas). Lá chegando, as bandas de toicinhos eram comercializadas no mercado da cidade (o atual mercado antigo, hoje desativado para esse tipo de uso).

A fazenda também fazia parte do calendário religioso tradicional local, com celebrações que ocorriam durante as festas do Divino e as Folias de Reis anualmente na área rural. Por vezes também era celebrada missa na ermida existente na varanda da sede da fazenda.

Entre 1929 e 1930 a fazenda assistiu à episódios da grande seca que houve nesse período. Ali foram abatidos num único ano doze bois para dar conta de alimentar as pessoas que chegavam lá pedindo comida. A alimentação deste período foi à base do fubá, do qual se fazia o “engrossado” – uma espécie de mingau temperado com sal e alguma carne seca – e que era servido no café da manhã, no almoço e na janta.

Posteriormente, com a morte de Sr. Severiano e depois Dona Mariquinha, a fazenda foi repartida entre os herdeiros, sendo que a parte que compreende a sede ficou com Sr. Agostinho, filho do casal nascido em 1915. Sr. Agostinho, casado com Sra. Eva Dolores Duarte, vivia da produção de vários gêneros alimentícios na própria fazenda, assim como seu pai. Também trabalhava com o trato de gado leiteiro e de corte, além de suínos e galináceos.Sr. Agostinho faleceu em 1975, deixando para os herdeiros e a viúva 360 hectares de propriedade correspondentes à Fazenda Gangorras. Em 2001 a Sra. Eva resolveu repartir sua parte das terras para os filhos. Atualmente a fazenda ainda mantém algumas das atividades agropecuárias de origem, como a produção de rapadura, hortaliças e de gado leiteiro e de corte.

Desde 2007 é realizada anualmente nos arredores da sede da fazenda a festa junina (de Santo Antônio e São João) da Associação Flor do Campo - Associação dos Produtores Rurais da Comunidade de Gangorras. A festa que tem inicio à noite conta com barraquinhas, quadrilha, concurso de dança de forró com premiação e bingo. No dia seguinte são realizadas brincadeiras como a corrida de saco, futebol, corrida convencional de adultos (homens e mulheres), da terceira idade e das crianças.

Nenhum comentário:

Postar um comentário