terça-feira, 9 de julho de 2013

“Inovar para restaurar os monumentos” é ideia defendida por revolucionário arquiteto italiano

Com uma apresentação técnica e minuciosa, o arquiteto italiano Marco Dezzi Bardeschi discutiu a dicotomia entre conservação e restauração a partir da história da arquitetura, defendendo uma postura intermediária. A conferência “A reabilitação como conservação e projeto: o futuro da matéria” fechou a terceira noite da programação do ArquiMemória 4 – Encontro Internacional sobre Preservação do PATRIMÔNIO EDIFICADO. Marco Dezzi mostrou a diferença entre conservação – guardar com cuidado e atenção para garantir a permanência do bem imóvel – e restauração – descontentamento com o estado do bem e a busca pela retomada de seu estado original. O pesquisador lembrou que, durante muito tempo, “a restauração foi vista como a pior das destruições” e que o escritor Victor Hugo, no século XIX, considerou esta prática um crime. Ainda se valendo da perspectiva da história, no século seguinte, a Carta de Veneza (1964) incorporou a mesma discussão ao definir que a preservação impõe a manutenção preventiva antes da alteração, ou seja, a prioridade é manter para precisar substituir. Por outro lado, os valores de novidade e de uso não podem ser descartados, uma vez que “um edifício sem uso não serve a ninguém” e as necessidades atuais são bem distintas daquelas existentes no momento da construção dos monumentos históricos. Autor de dezenas de projetos de restauração e reabilitação de complexos monumentais, como palácios, bibliotecas, museus, muralhas, praças, e igrejas em diversas cidades italianas, Marco Dezzi, que concilia ainda as tarefas de professor universitário e autor de importantes livros na área, defende uma posição intermediária. Para ele, a preservação deve ser prioritária, mas quando o acréscimo for inevitável, este deve dialogar com a estrutura já existente. Desta forma, estruturas que garantem acessibilidade, por exemplo, podem ser integradas ao edifício sem alterar sua essência. “Restauração é a intervenção enquanto preservação”, concluiu. Engenheiro civil e arquiteto, Marco Dezzi tem mais de quarenta anos de experiência no âmbito da conservação e restauração do patrimônio construído, enquanto técnico do Istituto di Restauro dei Monumenti de Florença e professor da Faculdade de Arquitetura do Politécnico de Milão. Arquimemória 4 Promovido pelo Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), através do Departamento da Bahia (IAB-BA), em parceria com a Faculdade de Arquitetura (FAUFBA) e o Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Bahia (PPG-AU/UFBA), o ArquiMemória 4 reuniu em Salvador pesquisadores, estudantes e profissionais de diversos países e estados brasileiros para discutir as relações entre as cidades e seus patrimônios construídos. O evento foi realizado no Centro de Convenções da Bahia.

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